sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

O rei morreu... mas deixou boa música




Estive dando uma olhada nas listas de melhores álbuns do ano publicadas por revistas e sites especializados em música, e devo dizer que está um pouco difícil de separar algumas coisas que prestem. Fora aqueles sobre os quais já escrevi, um dos discos mais legais que ouvi foi The King is Dead, da banda estadunidense The Decemberists. Eles tem um som folk rock, com uns toques de country (no bom sentido, estou pensando em artistas como Hank Willians e Chet Atkins), mas é um som moderno que faz a alegria dos indies de plantão. Até calcei meu All Star para escrever este texto.

Atrás: John Moen, Colin Meloy e Chris Funk. A frente Janne Conlee e Nate Query

Peter Buck, guitarrista do R.E.M.
A primeira canção do disco, Don´t Carry It All, dá as boas vindas com violões e gaita de boca, quase dylanesca.  Começa o álbum com um bom astral e com a participação especial de Peter Buck do R.E.M. tocando bandolin.

Calamity Song, apesar de ser bem alegrinha e dançante, fala sobre o fim do mundo “Tudo o que sobra são os braços dos anjos”. Os sobreviventes vão recomeçar a civilização em um mundo subterrâneo e o locutor será coroado sua magestade o fodão. Também tem a participação de Peter Buck, desta vez na guitarra de doze cordas. No video as crianças identificadas com o nome de vários países disparam bolas de tênis como se fossem bombas atômicas, num pitoresco jogo de guerra.

A bela Rise to Me mostra os primeiros sinais de country através do pedal steel (aquele sonzinho característico, como se as cordas da guitarra estivessem deslizando) e da letra meio que rural. “Grande montanha, rio largo...vou defender minha terra”.
Rox in the Box, com sua sonoridade meio celta é uma das melhores do disco. Além dos violinos, reparem no acordeão ao fundo. Chris Funk toca nesta e em outras músicas um instrumento de cordas chamado bouzouki, parecido com esse aí da foto.

Bouzouki

Rox é seguida por January Hymn, uma canção triste, não tanto sobre o inverno como sobre a solidão.
Down By The Water toca bastante nas rádios. Tem um refrão bem grudento, não sai da cabeça, e uma parte instrumental que privilegia a sonoridade da gaita de boca e do acordeão. Mais uma vez o guitarrista do R.E.M. dá as caras.
All Arise é a faixa mais country do disco.  O violino na introdução vai fazer você ter vontade de colocar seu chapéu de caubói. Bom, talvez não. Me empolguei. Mas preste atenção nos detalhes de banjo e também no piano honky-tonky.



Enquanto January Hymn é uma canção mais angustiada, esta June Hymn fala sobre a esperança de que o verão trará dias melhores. This is Why We Fight é bem direta. Tenta entender os motivos porque brigamos. O videoclipe mostra crianças representando a luta pela sobrevivência num mundo em que os mais fortes abusam de seu suposto poder, explorando os mais fracos. Apesar das imagens fantasiosas, é bastante realista. 

A última música, Dear Avery, é uma bonita e melancólica canção. Começa apenas com uma combinação de acordes cheios de violão e voz. Gosto bastante da forma como ele pronuncia o nome Avery. Apesar de muitos acharem que a letra fala sobre um filho que cresceu e se afastou do pai, eu penso que ele está falando sobre um cachorro que fugiu.

Será que chove?






Após este álbum eles continuaram trabalhando bastante. Recentemente lançaram um EP com B-sides, entitulado Long Live The King. e tem programado para março um disco ao vivo. 


O vocalista Colin Meloy gosta bastante de cantar sobre o clima. Uma música fala sobre o inverno e outra sobre o verão, fora as diversas referências ao longo dos versos. Será que é por isso que eu gostei do disco? Afinal, dizem que o assunto preferido dos curitibanos é o clima...

The Decemberists

Colin Meloy - voz, violão, guitarra, gaita de boca
Chris Funk - pedal steel, bouzouki, guitarra, banjo
Jenny Conlee - teclados, pianos, acordeão
John Moen - bateria e percussão
Nate Query - baixo


site oficial: decemberists.com


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